quarta-feira, 17 de abril de 2013

O Brasil dos povos indígenas O Brasil é um país formado por uma rica diversidade étnica racial, contamos com a presença de vários povos: indígenas, africanos, asiáticos, europeus entre outros, estes contribuíram para a multiculturalidade brasileira, representada pelas línguas, ritmos musicais, custumes, artes, culinária, religiosidade, organização social, concepções do sagrado e do cosmológico. Nosso país é formado por povos milenares, que possuem uma diversidade sociocultural desconhecida, subestimada, desprezada e discriminada pelos descendentes de europeus que acreditam que cultura eurocêntrica ocidental é a melhor, esse entendimento errôneo está fundamentado no etnocentrismo. Do ponto de vista antropológico não existe cultura superior e cultura inferior, cada povo constrói na coletividade, seus símbolos, crenças, conhecimentos e modos de relacionar se com o mundo, com a morte, com o sagrado e de prover as suas necessidades. Nesse sentido, é impossível tornar os povos indígenas e a cultura dos mesmos “ invisíveis”, pois a diversidade cultural desse segmento social está presente no cotidiano brasileiro, matogrossense e primaverense, não tem como negar a identidade, os direitos sociais e as contribuições culturais e econômicas desses povos que convivem conosco, e nem tão pouco segregá-los. Cada povo indígena possui formas de organização cultural, social, política e de relação com o mundo e com o ambiente diferente do modelo de produção e consumo vigente na sociedade brasileira, a forma de manejar os recursos naturais, não altera os princípios de funcionamento da natureza e nem coloca em risco as condições de reprodução do meio ambiente. O modo de vida desses povos não segue a lógica do capitalismo eurocêntrico, da produção e do acumulo de bens e riquezas. Os povos indígenas ocupam 11% do território nacional, o que corresponde a 688 terras indígenas legalmente demarcadas pelo Estado brasileiro que tem como obrigação protegê-las, estas terras são ocupadas de forma permanente pelos povos de acordo com suas tradições culturais. Segundo IBGE a população indígena no Brasil triplicou nos últimos trinta anos, passando de 294.131 em 1991 para 817.936 em 2010. O IBGE credita esse crescimento ao processo de “etnogênese” ou “reetinização” “quando os povos indígenas reassumem e recriam suas tradições após terem sidos forçados a escondê-las e a negar suas identidades tribais como estratégias de sobrevivência”. Os povos indígenas estão presentes em 85,5% dos municípios brasileiros, 315.180 estão vivendo em áreas urbanas e 350.829 em áreas rurais, existem no país 305 etnias e 274 línguas distintas formadas a partir dos troncos lingüísticos: Tupi, Macro-Jé, Karib e Aruak, a partir desses troncos vêm às dezenas de famílias e dialetos ( Aweti, Kayabi, Xavante, Bakairi, Boróro, Kaingâng etc.) a riqueza cultural desses povos faz com que muitos deles sejam poliglotas, falam várias línguas. As regiões nas quais as etnias mais preservam suas línguas nativas são o Norte com 55,2% e o Centro Oeste com 57,1%. Dados do IBEG ainda apontam que 76,7% dos povos indígenas são alfabetizados na língua materna, tendo a língua portuguesa como segunda língua. Daí necessidade de respeitarmos e reafirmarmos as diferenças culturais, a diversidade socioambiental e rompermos com as visões estereotipadas sobre a questão indígena brasileira, conforme explica o antropólogo Paulo Issac que afirma existir no imaginário brasileiro três visões equivocadas sobre os povos indígenas: VISÃO GENÉRICA – simplista e ambígua. VISÃO PRECONCEITUOSA – difamatórias, depreciativas, pejorativas, fantasiosas, obliteradas e imprecisas. VISÃO ROMÂNTICA – ufanista, paradisíaca e sociedade perfeita. Não podemos continuar tratando esses povos com olhar eurocêntrico de colonizador, com se fossem estrangeiros em suas próprias terras, bem como não podemos negar o acesso aos bens culturais presentes na nossa sociedade. Mesmo que os povos indígenas se apropriem das ferramentas culturais, não deixarão de ser indígenas conforme o pensamento abaixo de um cacique. “Eu posso ser como você, sem deixar de ser como eu sou” 

 




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